2047

Ana Teresa Vicente aterrou a 4 de Janeiro de 2020 em Hong Kong, onde vai realizar uma residência artística — In Situ: Hong Kong AIR — pelo período de três meses e com o apoio da Fundação Oriente. Como autora frequente nas páginas da Flanzine, desafiámo-la a fazer um registo fotográfico do quotidiano da cidade, num momento em que as tensões políticas e sociais locais têm ecoado por todo o lado. É assim que surge 2047, uma exposição virtual e orgânica desta sua estadia, com passagem também por Macau.

Hong Kong será integrada na administração chinesa no ano de 2047. Até lá, vigora o acordo “um Estado, dois sistemas”, que se traduz na independência administrativa e económica da cidade de Hong Kong, mas que a tornou, efectivamente, parte integrante da China.

A investigação que está a desenvolver baseia-se em três premissas: E se o pior pesadelo arquivista se tornasse realidade e todos os nossos arquivos baseados em papel se perdessem para sempre, sendo o corpo de cada documento impiedosamente devorado por um estranho vírus ou praga de insectos? E o que aconteceria se as camadas que mapeiam e separam a cidade real da cidade imaginária subitamente colapsassem sobre si próprias? As nossas chances ecológicas são igualmente frágeis, de que nos serve tentar encapsular a fauna e a flora em frascos de vidro? 

“I have been searching for the entrance to the land of nonbeing in old maps endowed with ancient charm and wisdom. If maps can harbor secrets, I’d imagined that they would have to be excavated from fragmented, moth-eaten documents rather than from so-called scientifically rendered modern charts.”

— Dung Kai Cheung, Atlas: The Archaeology of an Imaginary City

 

Ana Teresa Vicente é uma artista sediada em Lisboa, Portugal. É doutorada em Belas Artes – Fotografia pela Faculdade de Belas Artes Universidade de Lisboa, com bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Concluiu o mestrado em Pintura em 2011, e licenciou-se em Belas Artes – Pintura em 2007, também na FBAUL. Apresenta seu trabalho regularmente desde 2005 através de exposições, palestras, artist talks e publicações. Em 2019, foi co-curadora com a Professora Mônica Mendes da exposição Timelessness, Ars Electronica Campus (AT), e expôs seu trabalho no Athens Photo Festival (GR) e Format19 (Reino Unido). No ano anterior, expôs na Binary/Non-binary, GESTE Paris (FR); Immersive | Imersivo, SNBA (PT); Failure is a Given, Archivo Studio (PT); e Face-Value, na Liverpool John Moores University (Reino Unido). Recebeu uma bolsa da Fundação Oriente para desenvolver a sua investigação na residência artística In-situ (Hong Kong) e recebeu o Graduate Scholar Award pela Liverpool John Moores University, Reino Unido. De 2014 a 2016 foi co-coordenadora e pesquisadora do Post-Screen: International Festival of Art, New Media and Cybercultures (Lisboa). Actualmente, é membro do da Associação Cultural Criaatividade Cósmica, e curadora do Festival AURA (Sintra, Portugal).

EN  

Hong Kong will be fully integrated into the Chinese administration in 2047. Until then, the “one state, two systems” agreement stands, which translates into the administrative and economic independence of the city of Hong Kong but which has, effectively, turned it into an integral part of China.

Ana Teresa Vicente landed in Hong Kong on January 4th 2020, where she will hold an artistic residency — In Situ: Hong Kong AIR — for three months, with the support of Fundação Oriente. As a frequent author of Flanzine, we challenged her to develop a photo essay of the daily life in the city, at a time of great local political and social tension. This is how 2047 arose, as a virtual and organic exhibition of her stay in Hong Kong and her passage through Macau.

The research she’s developing is based on three propositions: What if the archivist’s worst nightmare came true and all our paper-based archives were suddenly lost forever, the body of each document mercilessly eaten away by a strange virus or bug plague? What if all the layers that map and separate the real and the imagined city suddenly collapsed onto themselves? Our ecological odds are just as flimsy, what’s the use in trying to encapsulate fauna and flora in a jar?

“I have been searching for the entrance to the land of nonbeing in old maps endowed with ancient charm and wisdom. If maps can harbor secrets, I’d imagined that they would have to be excavated from fragmented, moth-eaten documents rather than from so-called scientifically rendered modern charts.”

— Dung Kai Cheung, Atlas: The Archaeology of an Imaginary City

Ana Teresa Vicente is an artist based in Lisbon, Portugal. She holds a PhD in Fine Arts – Photography from the University of Lisbon, Faculty of Fine Arts, with a fellowship by the Fundação para a Ciência e a Tecnologia (PT). She completed her Master Degree in Painting in 2011 and graduated in Fine Arts – Painting in 2007, also at FBAUL. She has been presenting her work regularly since 2005 through exhibitions, lectures, artist talks, and publications. In 2019, she co-curated with Professor Mónica Mendes the exhibition Timelessness at Ars Electronica, Campus (AT), and exhibited her work at the Athens Photo Festival (GR) and FORMAT19 (UK). The previous year she exhibited at Binary/Non-binary, GESTE Paris (FR); Immersive | Imersivo, SNBA (PT); Failure is a Given, Archivo Studio (PT), and Face-Value at the Liverpool John Moores University (UK). She received a Fundação Oriente Grant to develop her research at In-situ (Hong Kong) and was awarded the Graduate Scholar Award by the Liverpool John Moores University, UK. From 2014 to 2016 she was a co-coordinator and researcher of the Post-Screen: International Festival of Art, New Media and Cybercultures (Lisbon). Currently, she’s a board member of the cultural association Criaatividade Cósmica, and a curator for Aura Festival (Sintra, Portugal).